Platônico amor que me enreda
Durante o tempo que já é fugaz.
Querer é perigo que não espera
Viver é martírio que o tempo faz
Platônico amor que não se cansa
Durante a vida que me seduz
Esperança tola que me amansa
Razão, por aonde me conduz?
Ah, platônico amor que me instiga,
O que sinto é desejo sem céu,
Briga carnal que tanto me intriga
Pedaço de ser ali no copo de fel
Amor platônico, deixe-me em paz!
Pare de me seduzir com estultícia...
Vês meu coração no jazigo que jaz
Fel, carne, dor no prato de malícia.
Platônico amor, não sabes, seu idiota,
Dos risos que me fazem bem?
Diga-me, ainda há poeta que chora,
Ou poeta que venera a dor que tem?