Desvirginamento

Um brinde a Anatole France e a Jules Lemâitre

Se for para ser assim, então
morra, desapareça
essa angustia de ser poeta.
Esse verter desvairado de palavras-códigos,
essas construções incógnitas, simbólicas, alegóricas e enjoativamente metafóricas,
trajando, pauperrimamente, boas intenções.

Morte sem direito a epitáfio nem elegia!

Definhe essa adúltera sem pudor,
prostituta,
que ora serve a um, ora outro.

Demagoga nata!
Porque se entregas a essa abutre e deixa-se possuir por ela?
Não basta estar revestida dos mais sublimes sentimentos?
Como tão etéreo ser rebaixa-se ao artífice metódico, sistemático,
deixando-se, perfidamente, desnudar-se em estratos?

Quero-a, sim, mas com o ardor dos românticos, o pungir dos bêbados,
quero-a como Vênus, Marília e Penélope.
Desejo possui-la de insight, no leito nupcial da efusão e fruição.
Quero-a como vinho e espada.


Poeta Paulo Henrique ou PH.
Estudante do V semestre de Letras Vernáculas da UESB-Jequié
(73) 8813-0589/8137-7582

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