De
repente, me vi nesta cidade
Chamada
Terra do só,
Cidade
boa, carismática,
Onde
de urubu tenho dó, *
Lá
bem longe, atrás das montanha
Engraçado que vi, bicho voa
e se abana!
Vixe,
que faço nessa terra, D. Filó!
Me
assustei troçentas vezes
Das
esquisitices daqui,
D. Filó,
sentada, na porta de casa,
Contou
a última do saci, *
Perguntei:
Saci? D. Filó, Tu ta doida?
Então,
a véa se levantou meio afoita,
Dizendo
que não é de mentir.
Me
preocupei se tava esclerosada,
Mas
contou com tanta firmeza,
Que,
cabra macho que sou,
Tive
medo da estranheza. *
Disse:
bicho que só tem um pé,
Sua carruagem
num redemoinho é
O
rastro de esperteza.
Moço,
aquilo que a véa me contou
Num
era coisa de Deus não...
O
dito cujo do saci tava injuriado,
Sartou
só com uma mão *
E muntou
numa mula-sem-cabeça
Em busca
do litro de cachaça
Gritano,
Currupira, seu ladrão.
D.
Filó, disse que acordou assustada
Com os
grito do saci nervoso
E na
butuca da janela bizonhou
O
monstro currupira cauteloso *
Espreitando
o danado do pêrêrê
Que só
queria fuzuê
Na
praça chamada trancoso
Aí apareceu
o bicho papão
Como
o delegado, pra resolver,
De um
lado saci, do outro currupira
Era meia-noite,
quem ia ver? *
Quem
era doido de sair?
Vi
tudo até o boitatá surgir
Bradano:
vou me intrometer!
Eita
diacho, que duelo vi...
Podia
morrer, bater as bota
Depois
de ver as lenda
Ao
vivo e a cores na porta *
De lá
de casa, mió que firme
Da TV,
da novela, tudo livre,
Sou
uma sortuda ou tou morta?
Que
nada... O pêrêrê perdeu a causa,
A
cachaça roubada nem era dele
Nem
era do selvagem currupira,
Era
da fera mais feroz que teve *
Em
tudo que já existiu
Nesse
mundo estranho surgiu,
Lobisome,
na mão com porrete.
Corre!
Corre! pega, pega, é lobisome
Chegou
para botar ordem e disse
Se
currupira tá com a cachaça
Pois
que o pêrêrê visse, *
Botano
culpa no pé pra trás
Pra ter
cachaça de mais
Eu
conheço suas peraltice!
Mas
como hoje é dia de nós
Folclore
é coisa de humano,
Somos
imaginação do povo,
Pra
que ficar brigano? *
Vamos
festejar nosso dia,
Aqui,
faz tempo que não via
Nós
na cantiga dançano.
Então
da confusão, virou festa
As
lenda cantou cantiga
Fez
da vila um folclore
E
eu, Filormena Margarida, *
Os bicho
ressurgir; foi ilusão?
Num sei!
só sei que foi bão,
Ver
as lenda tudo unida!!!
E
disse: essas coisa se sucedeu
Ispía,
tudo é real e pode contar.
Pra
fí, cumpade, sogra, desafeto,
Rapariga,
cunhado até cansar, *
Só
num esquece que foi muié
Que
contou as lenda de Jequié
Eu, D. Filó, não sou de inventar